O corpo mantém-se, aparentemente, intacto, a alma vagueia nos seus espaços de vazio, ferida e ausência. No entanto, um rosto omnipresente, quase como um Orwelliano sedutor, interroga-nos. Quem somos nós? Que fazemos? Que mundividências carregamos e de que formas as mesmas moldam o nosso modo de ser e estar no mundo?
As respostas cada um terá as suas. Mas a medicina interna feita pelo Artur através da sua pintura é ancestral. A cura para o que nos atormenta retira-se do veneno que nos quer matar. A não ser que nos tornemos máquinas automatizadas e inebriadas pelo vórtice da banalidade e mundanidade…
Cada quadro é uma cena de uma peça musical e a nossa vida um constante ensaio inacabado. Podia ser uma obra de Mussorgsky ou outro mestre russo fosse Shostakovich ou Stravinsky.
Encontrar a forma perfeita é um exercício de inutilidade. Quem nos criou deitou o molde fora e todos nós procuramos esse momento de redenção, de encontrar o verdadeiro eu e o outro que possamos amar na mesma loucura inaugural que a morte nos libertará ou aprisionará para sempre…
Enquanto não chega esse dia, que possamos ver nas telas de Artur, ícones heterodoxos de uma sociedade cibernética que não tem rosto ou que apenas conseguem ver uma única face…
Pinturas:
A Fobia do Espaço em Branco;
A Mentira Não Esta nas Palavras;
Desassossego;
Desassossegos;
Giro_Secreto;
Nova Ilusão;
Os Reinos Escondidos.