Eis um excerto , página 257, Ed. Relógio de Água, 2017: "...É esta a mais grandiosa história dos homens ,a de tudo o que estremece , sonha , espera e tenta , sob a carapaça da sua consciência , sob a pele, sob os nervos , sob os dias felizes e monótonos , os desejos concretos , a banalidade que escorre das suas vidas , os seus crimes e as suas redenções , as suas vítimas e os seus algozes, a concordância dos seus sentidos com a sua moral. Tudo o que vivemos nos faz inimigos, estranhos, incapazes de fraternidade . Mas o que fica irrealizado , sombrio, vencido, dentro da alma mais mesquinha e apagada , é o bastante para irmanar esta semente humana cujos triunfos mais maravilhosos jamais se igualam com o que , em nós mesmos , ficará para sempre renúncia , desespero e vaga vibração. O mais veemente dos vencedores e o mendigo que se apoia num raio de sol , para viver um dia mais, equivalem-se , não como valores de aptidões ou de razão , não talvez como sentido metafísico ou direito abstracto , mas pelo que em si é a atormentada continuidade do homem, o que, sem impulso, fica sob o coração, quase sem esperança sem nome .
A Sibila é uma obra -prima! Agustina Bessa-Luís através de uma prosa fluída , um léxico impressionante , uma técnica narrativa extraordinária e um poder de observação único rendilha um autêntico milagre. Uma voz poderosa e única no panorama das letras portuguesas do século XX . Tem o poder de mergulhar nas personagens como Dostoiévski , mas deixando-as respirar ; bem como tem o condão de Flaubert para descrever cenários de um Portugal rural, aparentemente, desaparecido. A Sibila é intemporal decorridos 65 anos da sua" libertação" das garras da genial escritora . Um "libreto" de usos e costumes fundadores do ser português, mesmo para quem vive nas cidades digitais de fumo e pó; uma obra fundamental para quem gosta de literatura. Em síntese, um clássico! Para ler e reler como quem degusta um gelado de finas camadas e múltiplos sabores...
Eis um excerto , página 257, Ed. Relógio de Água, 2017: "...É esta a mais grandiosa história dos homens ,a de tudo o que estremece , sonha , espera e tenta , sob a carapaça da sua consciência , sob a pele, sob os nervos , sob os dias felizes e monótonos , os desejos concretos , a banalidade que escorre das suas vidas , os seus crimes e as suas redenções , as suas vítimas e os seus algozes, a concordância dos seus sentidos com a sua moral. Tudo o que vivemos nos faz inimigos, estranhos, incapazes de fraternidade . Mas o que fica irrealizado , sombrio, vencido, dentro da alma mais mesquinha e apagada , é o bastante para irmanar esta semente humana cujos triunfos mais maravilhosos jamais se igualam com o que , em nós mesmos , ficará para sempre renúncia , desespero e vaga vibração. O mais veemente dos vencedores e o mendigo que se apoia num raio de sol , para viver um dia mais, equivalem-se , não como valores de aptidões ou de razão , não talvez como sentido metafísico ou direito abstracto , mas pelo que em si é a atormentada continuidade do homem, o que, sem impulso, fica sob o coração, quase sem esperança sem nome .
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