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EXERCÍCIOS PERCEPTIVOS PARA O ESPECTADOR USAR EM SALAS POUCO ILUMINADAS.

5/30/2017

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Paris, Texas desenvolve-se com base em quatro cores: branco, vermelho, azul e verde que aparecem, isoladamente ou combinadas, em vários cenários do filme. Estacões de serviços, estradas, motéis, carros, comboios, vias férreas, aviões e, em geral, grandes espaços abertos.

Nesta amálgama de ruídos, Wenders produz uma estética unificadora. Os viadutos cruzam-se, as linhas de comboio parecem não ter fim tal como Travis e Jane não conseguem ter um discurso amoroso à mesma velocidade. O verde surge como filtro disruptivo em sequência dessa falha de comunicação, essa falha inconsciente atirada para o leito dos sonhos edipianos que Travis idealiza. A incomunicabilidade é resumida na parede de vidro em que Jane e Travis falam via telefone, mas com um aparelho de tv mal sintonizado em fundo. A cena da casa das meninas traquinas verbaliza o que a câmara nos indiciava desde o inicio da película.

Em Asas do Desejo, o murmúrio pincela a preto e branco todo o filme, lembrando, a espaços, o expressionismo alemão. Em Paris, Texas o aspecto do filme remete para as telas do americano Robert Henri, uma das influências de Edward Hopper.

No entanto, a amnésia inicial, o silêncio de Travis é poeticamente desconstruído no filme berlinense de Wenders, em que os protagonistas dão asas a uma voz interior que constantemente interroga quem eram, quem nós somos, que andamos aqui a fazer…

Em Asas de Desejo, as personagens andam pelos céus, em cima dos edifícios, visitam bibliotecas e os anjos entram pelos olhos inocentes das crianças, que como o pequeno Henderson em Paris, Texas sabia que a simplicidade salvaria o amor e daria um sentido à vida….

Os anjos são crianças imunes a violência, mas precisavam de um corpo para se tornarem mortais numa Berlim dilacerada pela loucura dos homens. Damiel quis experimentar o trapézio, as sensações, o amor que Travis e Jane não souberam cuidar, mesmo que Damiel fosse advertido por outro anjo, já caído interpretado por Peter Falk, que a vida é feita de escolhas, feita de caminhos que se bifurcam entre as auto-estradas para o inferno e as escadas para o céu ...

A consciência universal de Asas dos Desejo sobrepõe-se à inconsciência de raiz psicanalítica de Paris, Texas…

Em ambos os filmes, a câmara move-se acoplada a um pássaro preso ao livre arbítrio vigiando a morte acidental e a vida quotidiana.

A actualidade dos dois filmes é surpreendente: homens e mulheres comunicam através de um vidro por linhas análogas às telefónicas. Continuam sem saber quem são camuflando com asas de anjo o que não são…

A cor de qualquer película vai-se esbatendo, porque nascemos sós e haveremos de morrer sós, de volta a um “não-tempo” e a um “não-lugar”…
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O mundo não conspira contra nem a favor de ninguém e tudo não passa de sombras, espelhos e máscaras.
É tempo de apreciar a viagem seja por terra, mar ou ar, ir de encontro ao que os homens desconhecem e os anjos nem imaginam…
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"...OS ANJOS PRECISAM DE GASOLINA..."

5/24/2017

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Paris, Texas e Asas do Desejo formam uma “paleta fílmica” , em que o elemento terra surge no Paris, Texas e o elemento ar aparece nas Asas do Desejo como arquétipos fundadores. Ambos nos remetem para a falha, princípio dinamizador das tragédias gregas e “shakespearianas”, levam-nos a viajar na constante incomunicabilidade que caracteriza o abismo civilizacional para o qual, aceleradamente, nos dirigimos.
Nas Asas do Desejo, os protagonistas querem ter a experiência humana, No Paris, Texas as personagens procuram a redenção de uma vida interrompida, que só os anjos podem indicar. 
Nas Asas do Desejo, os anjos, enquanto seres alegadamente perfeitos, aborrecem-se da imortalidade. No Paris Texas, os homens, seres cheios de recorrentes vícios e universais defeitos, vivem na angústia da mortalidade ou da procura de um sentido ou sentidos para a vida. 
Entre o aborrecimento e a angústia, a solidão povoa a maioria das cenas nas duas películas. Solidão lavrada nos acordes pungentes, mas profilácticos, da guitarra de Ry Cooder em Paris.,Texas ou na voz agridoce do Nick Cave em Asas do Desejo.
Aquilo que nos pode salvar é também aquilo que nos pode matar. Eis que surge o amor no seu esplendor decadente, nas asas emprestadas de um anjo planando como uma ave de rapina sobre o silêncio absoluto do deserto ou sobrevoando a cacofonia de uma Berlim dividida e carcomida por uma ideologia sem rosto.
Em Paris, Texas, os protagonistas procuram o que outrora viveram. Em Asas do Desejo, buscam o que nunca viveram. Em ambos, a queda é inevitável.
A vida vivida nunca é a vida sonhada, porque nem tudo depende da vontade, nem o entendimento alcança o tráfego das esferas celestes. Nas duas obras-primas de Wenders tudo nos surge breve e frágil, como belo e imortal.
A estrada é longa, o caminho é incerto, todavia, parar não soluciona o mistério da existência. Olhar em frente, caminhar com vigor sobre brasas e pétalas, porque em cada estação de serviço é preciso abastecer as asas de desejo para alcançar uma, ainda e sempre, utópica Paris, Texas….
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A SOLIDÃO DAS BORBOLETAS E AS REDES SOCIAIS

5/11/2017

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As borboletas vivem duas a quatro semanas, em média, depois de passarem por vários estádios biológicos.

O mundo virtual das redes sociais ilustra o paradigma das borboletas. A ilusão de estarem a comunicarem umas com as outras, quando, de facto, vivem separadas por vidros e encerradas em campânulas. O ambiente protegido e asséptico tornam as borboletas auto-referenciais.

O bater de asas de uma borboleta influencia o de outra. Esvoaçam em movimentos aleatórios e as ondas vibracionais provocam epifenómenos exauridos até ao cúmulo da irracionalidade.

As metamorfoses de cada borboleta ilustram a vida social: Nada é certo, nada é definitivo, nada é sólido.
As borboletas camuflam-se dos predadores com lindos golpes de asa. Na cibercultura, as borboletas embebedam-se de felicidade visual.

As borboletas são todas diferentes, mas tornam-se iguais sob o efeito hipnótico da luz.

 Na natureza, as borboletas transformam-se para o amor. Na cibercultura, as borboletas cansam-se pelo desamor…
 Na natureza, é no apogeu da sua beleza que morrem. Na cibercultura, é no culminar da sua tristeza que se consomem..

O azul tem um efeito narcótico, acalma, mas deprime, tranquiliza, mas arrefece…
O azul é a cor da água na sociedade em que tudo é líquido.

Morpho é um nome de uma borboleta e o facebook está plantado de blues…
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© Texto e foto de Jon Bagt
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Arte e Literatura -III

5/11/2017

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​Thomas Stothard, Shakespearean Characters. Tate Gallery
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Arte e Literatura -II

5/11/2017

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​Ophelia, de Jonh Everett Millais
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A Arte e a Literatura.

5/4/2017

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 Quadro I
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Jesus, mais tarde conhecido como o Cristo, alegadamente era analfabeto . No entanto, o esforço da Virgem em ensiná-lo a ler é notório neste quadro de Sandro Boticelli
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    Autor

    Jon Bagt

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