O cinema, a filosofia, a história e a política são temas das ditas ciências sociais que Arnaldo Mesquita desbravava numa varanda virada para o Tejo Uma palavra de admiração para os outros escribas, Artur Guilherme Carvalho, Sofia Pinto Coellho, Hélder Martins e J.P.Matos que nos brindam com excelentes textos e fotos.
As partes do todo tem inserido um contador com o número de visitas. Para mim, modesto leitor, o blog “ as partes do todo” é um edifício, uma arquitectura de elegância e sensatez , que contemplo com prazer. Podia ser o porteiro deste edifício, mas o contador vai registando as visitas…Eis o tempo a abençoar o espaço…Não importa quem entra, importa quem sai , no anonimato, mais enriquecido ou aconchegado...
Mas voltemos a Mesquita, que tem o dom de sintetizar o pensamento com critério fino e bom gosto sustentado pela sua acutilância crítica, obtendo reflexões poderosas sobre o ser e o modo de ser. Tem o pendor enciclopédico dos iluministas e, muitas vezes, consegue dissipar as nuvens que pairam sobre o incognoscível e o inaudito,sem nunca perder o céu do abismo,do mistério e do absurdo da nossa existência;seja por inoperacionalidade das nossas fracas estruturas cerebrais, seja na teimosia do mundo em não nós dar sinais definitivos sobre o sentido da vida.
A história e a política são temas que Mesquita sujeita ao garrote ideológico. Os eventos históricos e políticos incomodam-nos, mas têm a tendência a repetirem-se nas mesmas estruturas de poder com subtis variantes ao longo dos séculos. Mas Mesquita ,com ironia, vai desmontando os sofismos e retóricas da contemporaneidade.
Resta-nos a arte como consolo ou como instância reveladora das perplexidades que nos assolam com o mesmo carinho que o martelo tem pela bigorna. Arnaldo liga elementos do século XX , época de afirmação da ´sétima arte com conceitos intemporais , de matriz ocidental e com incursões nos clássicos.
Mesquita conduz-nos para as suas veredas conceptuais, onde se sente mais confortável, e nós , quando o guia é bom, deixamos, conscientemente, que ele o faça … ora desmonta um conceito manhoso ou de difícil domesticação, mostra um símbolo poderoso e deixa em aberto muitos significados, que as palavras são sempre muito parcas face aos limites da linguagem. Quem sabe se Arnaldo Mesquita não inventa um código novo já que as línguas ancestrais tendem a desaparecer…
Talvez não haja respostas para tudo, cabe a nós continuar a fazer perguntas, porque somos, invariavelmente, partes de um todo…
João Nuno Teixeira , porteiro como uma estante (www.jonbagt.com)
Remissão para as intervenções de Arnaldo Mesquita – “ As partes do todo”- http://aspartesdotodo.blogspot.com/ ( cfr: etiquetas cinema, filosofia, história e política)