EP: O que atiça o processo criativo? A ferida, a falha ou a “centelha divina”?
JC: Sou uma artista multifacetada, nomeadamente Artista Plástica, Coreógrafa e Bailarina, Modelo e Música.
Nesta entrevista abordo dois dos meus mundos Artísticos, as Artes Plásticas e a Dança.
O que atiça o meu processo criativo é o que gira em torno do mesmo, nomeadamente o sonho, o surreal, a fantasia, um mundo mágico e utópico. Gosto de criar mundos estranhos, interligados com um imaginário que vive de experiências e memórias, onde aqui remeto à minha infância e realço o meu filme de eleição, nomeadamente “O Feiticeiro de Oz” (“Wizard of Oz”), e todo o imaginário existente neste. Destaco também o meu pintor favorito, o Salvador Dalí, pois tenho como influência as suas obras Surrealistas. A ferida e a falha fazem parte do processo criativo, tal como acontece com qualquer Artista, construir e desconstruir, criar e aperfeiçoar, é um processo que necessita de ser bem estruturado e com um fio condutor consistente, para que a obra de Arte possa nascer ou até renascer, uma “centelha divina” que tem como objetivo o crescimento Artístico, não só da obra como também do próprio Artista. Deste modo, nas minhas obras de Arte, sejam elas de Artes Plásticas ou de Dança, se hipoteticamente existir a “ferida” e a “falha”, ambas me perturbam, pois sou extremamente perfeccionista, contudo, sei que faz parte de um processo de aprendizagem, ninguém é perfeito, nem mesmo a criação ou o criador. Para mim todo o processo criativo é visto de forma positiva nas minhas obras, pois transmito através de pinceladas ou de movimentos de Dança o meu “eu” na sua forma mais pura.
EP: O Um corpo que não dança, somatiza?
JC: Dançar é uma forma de expressar através de movimentos os nossos sentimentos, as nossas emoções, o nosso estado de espírito, as nossas lágrimas e os nossos sorrisos. Somos “seres dançantes”, pois o nosso corpo está em constante movimento, mesmo em repouso nunca estamos parados, pois o ser humano é uma “máquina” em constante movimento interior e exterior, deste modo, somatizar é uma consequência do pensamento de quem desacredita na possibilidade de ser capaz de ultrapassar barreiras através dos gestos, quer seja em Dança ou não.
EP: A dança não verbaliza, mas transmite mais que mil palavras. Que poder mágico é esse?
JC: A Dança verbaliza através de movimentos simples, complexos, ou da mistura de ambos, pois o corpo flui e transporta com ele palavras que são lidas em forma de “texto” gestual. A Dança comunica de forma direta ou indireta, tudo depende do seu conteúdo e da mensagem que pretende transmitir, podendo haver diversas interpretações por parte do público, sendo que nem sempre a Dança tem como obrigação ser explícita mas sim “escondida” e única no “eu” dos coreógrafos e bailarinos. Cada movimento em Dança transporta e transmite o que de mais íntimo existe no nosso ser, sentimentos, emoções, estados de espirito, ou tão somente o “nada” que também nos contempla numa espécie de “vazio” recheado da nossa estrutura interna, maioritariamente quando somos levados por formas hibridas que o nosso subconsciente tem a capacidade de fornecer. O poder da Dança encontra-se na sua própria magia, no ato de dar a conhecer mundos puros numa ingenuidade ímpar, flutuando em gestos de tremenda leveza, bem como em mundos obscuros, onde o lado negro prevalece e os movimentos estão carregados de uma carga e de uma força intensa, fazendo com que o público participe de forma implícita, ou por vezes explicita e viaje entre corpos dançantes e imaginários genuínos, únicos, repetíveis ou irrepetíveis, levados por ventos pisados por sapatos de pontas, ténis, calçado simples de quotidiano, ou meramente descalços num mar de técnica, liberdade e estética que vive na Dança e absorve intensamente todos aqueles que permitem que a Dança os incorpore na sua maior e mais profunda perfeição.
EP: O que sente quando dança ou cria uma coreografia?
JC: Realizar uma coreografia é um processo criativo que me permite comunicar através de movimentos o que as palavras muitas vezes são incapazes de expressar, por isso dou vida às sílabas, aos meus pensamentos, aos meus sentimentos, às emoções, às minhas memórias, às minhas vivências, ou simplesmente ao “nada” que vive dentro de mim enquanto reflexão silenciosa composta por vazios que me consomem como ser humano em sonhos dirigidos por mundos icónicos e surrealistas, o meu “eu” conjugado com aquilo que evidência o que fui, que dirige o que sou, e que imagina e idealiza o que serei. Somos seres sociais mas ao mesmo tempo somos uma essência que veste a ausência do ruído verbal, e é precisamente nesta insensatez que gestos únicos oriundos do meu corpo me fixam de forma rígida e ao mesmo tempo me libertam de forma espontânea, mas por vezes imposta por diretrizes que me são propostas por quem aprecia a minha arte de Dançar.
As minhas coreografias vivem daquilo que transporto no interior do meu ser, um misto de sensações que através de toda a expressão corporal é transmitida de forma livre e explicita, ou de forma contida e resguardada do observador que aprecia e capta a mensagem que pretendo transmitir ou encobrir, tornando assim as minhas coreografias em enigmas, jogos ilusórios e puzzles para descodificação. Ao dançar sinto que o meu corpo flui de forma leve e solta, ou rígida e robótica ao som de ritmos musicais calmos ou energéticos, realizando movimentos que permitem uma libertação profunda do meu “eu”, uma introspeção real e utópica onde o conhecimento da minha estrutura corporal vigora e facilita toda a comunicação dançante, cujo o objetivo é proporcionar ao público um entendimento não verbal, porém facilmente compreendido ou dificilmente decifrável, mediante as minhas convicções, decisões ou imposições por outrem, onde as regras devem ser meticulosamente cumpridas.
A escolha das musicas tem um grande peso nas minhas coreografias, pois são elas que transportam o misto de emoções e sentimentos que atuam no meu corpo e dão vida às mesmas, uma junção de ritmos com movimentos provenientes de estados de alma, onde as letras das musicas são a poesia muscular e facial, expressiva e gesticulada eminentes no meu ser.
EP: As formas do infinitamente pequeno, por vezes, coincidem com as do infinitamente grande. Existem padrões universais?
JC: Tudo começa pela perspetiva e o modo como a mesma é representada e se apresenta ao observador, havendo inicialmente uma separação e posteriormente uma conjugação entre o pequeno e o grande que se instala numa realidade que converge para o ponto de fuga central, onde todas as linhas se cruzam no infinito. A perspetiva tem o poder de criar ilusões de ótica, o que faz com o infinitamente pequeno possa coincidir com o infinitamente grande, mas não significa que ambos sejam infinitos no que diz respeito ao seu tamanho ou volume, isso somente pode acontecer se forem vistos de um determinado ângulo porém sem garantias de absoluto, pois este remete para tudo o que está para lá da criação humana, nomeadamente o desconhecido. Duas formas podem se sobrepor uma na outra, por vezes até se confundem no espaço que nos rodeia e onde estamos inseridos, contudo, o observador tem a capacidade de manipular e ajustar essa sobreposição e separá-la através do contacto visual ou da circulação em torno das mesmas, onde a perspetiva é soberana e assume-se como paralela ou cilíndrica, ou cónica. A perspetiva paralela ou cilíndrica incide na axometria, nomeadamente na isometria, na dimetria e na trimetria, assim como na perspetiva cavaleira, sendo que estas representam a volumetria das formas através da combinação do comprimento, da largura e da profundidade, ao mesmo tempo que as vistas laterias, frontais e superiores se unem tornando-se numa única vista, um exemplo disso são os espaços das habitações onde observamos esquinas que ao circular por elas estamos a criar variações de ângulos. A perspetiva cónica tem por base um plano onde habita a linha do horizonte que contém um ponto de fuga central para onde todas as linhas convergem, deste modo, quer o observador esteja sentado ou de pé vai sempre verificar que essas linhas se vão encontrar num ponto comum, um exemplo disso são as linhas do comboio que se observarmos as mesmas de frente verificamos que se cruzam no infinito. Deste modo, para que o infinitamente pequeno coincida com o infinitamente grande é necessário que as formas sejam observadas de uma determinada perspetiva que permita essa sobreposição e ilusão de ótica. Existem métodos geométricos, esses são claramente padrões universais, pois permitem compreender o espaço e as formas nele inserido e assumem um papel fulcral aos olhos do observador que contempla o que está perante si, concedendo a perceção de medidas, distâncias e ângulos, entre outros.
EP: As formas geométricas abarcam todas as emoções e sentimentos humanos?
JC: Todo o universo é formado por formas geométricas, elas estão presentes no nosso quotidiano quer seja de forma grandiosa ou em pequenos pormenores, é absolutamente explicito e inegável que as mesmas também fazem parte do ser humano, pois vivemos delas e elas não sobrevivem sem nós. Qualquer forma geométrica tem a capacidade de mexer com a nossa visão, com o nosso tato, a nossa audição e até com o nosso íntimo, pois somos capazes de observar um objeto, tocar na sua superfície e ouvir o seu barulho seja ele grande ou “silencioso” e possuir estima e afeto, ou indiferença e ódio, emoções e sentimentos díspares que se encontram e conjugam, ou se separam e não se misturam mediante as nossas sensações e reflecções do momento. Do ponto de vista humano ou até mesmo de um animal designado como irracional, existe a capacidade de se sentir algo por determinadas formas, o que se sucede igualmente com as formas para com estes seres, pois elas próprias existem e tem vida mesmo que mundanas e possivelmente não conscientes, porém, é um fato que elas guardam consigo símbolos e cargas emocionais provenientes daquilo que elas são enquanto formas, do modo como atuam no mundo em que se inserem e do valor atribuído pelos seres referidos. As formas geométricas apresentam-se no universo e explicam a natureza através de métodos geométricos que permitem compreender a sua pureza, por vezes de difícil entendimento ou aparentemente ilusória, mas real aos olhos do observador.
EP: Através da pintura, arquitectura ou design as formas ganham vida... No seu caso, como capta as formas e as cores do universo? É um processo intuitivo ou não?
JC: A nossa visão tem a capacidade de captar as cores através da luz que permite iluminar tudo o que nos rodeia, num processo de absorção e reflexão, onde a luz é absorvida e posteriormente refletida para o nosso globo ocular que gera imagens de forma invertida e a nossa pupila abre automaticamente de forma variada para que a quantidade de luz seja controlada de acordo com o funcionamento da nossa visão, um exemplo muito semelhante são as máquinas fotográficas e o seu método de captação da imagem e da luz. A perceção das cores na nossa visão é feita através das células cones e bastonetes, ou seja, é o resultado da combinação das três cores que os três tipos de cones são capazes de identificar, nomeadamente o vermelho, o verde e o azul, por isso tudo o que observamos contêm uma determinada gama cromática imposta pela própria natureza ou pela mão humana, assim como acontece com as formas que são resultado da própria criação universal ou do que homem é capaz de produzir, tal como acontece na Pintura, na Arquitetura, no Design, entre outras Artes aprazíveis de serem contempladas, sendo que todas elas são detentoras de geometria, de linhas curvas e retas, de uma volumetria que lhes confere a sua forma e que as insere no plano do espaço e lhes permite ter vida.
Tenho métodos muito próprios de captar as formas e as cores do universo, sendo que numa primeira abordagem aprecio as mesmas para depois as puder desmistificar e quando necessário as agrupar e as transformar na minha visão para as estabelecer na minha mente, permanecendo assim na minha memória. Ao observar uma forma realizo um processo de desconstrução interna da mesma, percebendo a sua geometria e a forma como ela se sustenta no espaço, faço uma radiografia visual 3D para compreender as suas visibilidades e invisibilidades, onde consigo delimitar os seus contornos internos e externos para posteriormente ir ao seu encontro para conferir a minha leitura visual através do tato e confirmar a sua construção. A captação das cores também passa por um processo de desestruturação dos pigmentos através da observação, para que a essência das cores seja desvendada pois muitas vezes torna-se confusa dada a junção de tonalidades que definem uma determinada cor ou conjunto de cores. Em primeiro lugar verifico a pigmentação e o processo de execução das cores para que a tonalidade seja aquela que a mesma contém e se apresenta aos nossos olhos, pois quando vejo uma cor analiso-a para perceber se a mesma se insere no conjunto das cores quentes ou frias, ou na transição dos espectros cromáticos que a compõe quando se apresenta como cor singular ou multicor, sendo que posteriormente exploro a sua granulagem e textura, bem como a forma como a mesma é aplicada no plano que pode ser variada e determinante na compreensão da conceção das cores, pois as cores adquirem tonalidades mediante a superfície onde estão assentes, como por exemplo uma pintura em papel ou numa tela não é a mesma coisa que uma pintura numa madeira ou num azulejo, pois as características dos materiais diferem e as cores quando aplicadas também são distintas. O universo vive de formas e de cores que toda a humanidade tem capacidade de contemplar, mesmo perante a escuridão, a sombra e a penumbra, existe sempre uma cor escura que somos capazes de reconhecer, nomeadamente o preto.
Realizo todo este processo de captação das formas e das cores não só de forma intuitiva como também de modo pensado e refletido, tudo depende como as mesmas se apresentam diante mim e como o meu “eu” as recebe interiormente através dos sentidos, da visão e do tato, pois por vezes podem induzir em erro se não forem bem estudadas ou quando são impercetíveis, assim sendo, para uma boa compreensão de ambas é necessário entrar dentro delas e extrair toda a informação visual e palpável da sua estrutura interna para uma melhor perceção do seu exterior, nomeadamente do seu suporte e da sua estética.
EP: O que mais gosta de pintar?
JC: Gosto de pintar um pouco de tudo, mas essencialmente figuras e temáticas surrealistas, mundos mágicos e de fantasia, sonhos onde todo o meu imaginário vive e remete para todas as minhas influências, nomeadamente para o meu filme favorito desde a minha infância, “O Feiticeiro de Oz” (“Wizard of Oz”), onde me revejo e de algum modo encarno na personagem Dorothy Gale e vou descobrindo o meu caminho através de percursos misteriosos tal qual estrada de tijolos amarelos, encontrando pelo caminho personagens como o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão do referido filme, mas no meu caso tudo o que se cruza comigo no meu quotidiano e faz parte das minhas vivências, memórias e recordações que são misturadas com mundos utópicos e sombrios tal qual filmes do Tim Burton, ou até mesmo a célebre “Alice no País das Maravilhas” (“Alice in Wonderland”). Tenho também como grande influência o pintor surrealista Salvador Dalí, pois é um artista cujo as suas obras incidem em imagens fantásticas, oníricas, misteriosas, bizarras e de grande loucura inserida, onde tudo o que consideramos impossível nasce, floresce e nunca se esgota no vazio, pois este vácuo aparentemente eterno é desprovido de garantias absolutas e realça as incertezas mundanas, lógicas ocultas mas determinantes para a capacidade de se tornarem paradoxais, ilógicas e absurdas aos olhos, pensamento e essência do observador. Outra das minhas influências são as marionetas e o mundo obscuro existente por de trás das mesmas, as personagens encantadoras e assustadoras que as mesmas comportam, bem como uma carga sombria e mágica que transparece e se esconde numa simbiose de universos paralelos e desiguais que ao mesmo tempo se desagregam. Todas estas influências encontram-se bem patentes nas minhas obras, não só na Pintura como inclusive na Dança, na Música, etc., todas elas realizadas de forma autónoma, mas focando-me nas Artes Plásticas, nomeadamente na Pintura, realizo as minhas obras de acordo com o que o meu “eu” pretende transmitir e busco temáticas únicas e inimagináveis que me surgem da realidade ficcionada que imagino ou sonho, onde tudo é permitido, inclusive o que mais de grotesco possa existir, assim como busco a própria realidade do quotidiano para que possa criar um cruzamento entre mundos existentes e ilusórios.
Gosto de pintar figuras transformadas entre o puro e o assustador, de fisionomias atípicas e metamorfoseadas numa conjugação entre tudo o que se assume à minha volta diariamente, a realidade em constante mutação, bem como o que a minha imaginação vai buscar e evidência através de sonhos e pensamentos. Exemplo disso são os “monstrinhos” que pinto com regularidade, ou os rostos e corpos transfigurados onde é eliminada parte da componente humana para dar vida a um lado “animalesco” e “alienígena”, uma fusão de ficção cientifica com o surrealismo, o misterioso, o oculto, o sombrio, o fantástico, o mágico e o real visível mas possível de ser transfigurado. Sou capaz de dar vida a uma simples chávena de chá, criando a partir desta um ser do outro mundo, onde transformo as suas pegas em tesouras compostas por ramos e folhas de árvores que são salpicadas por musgo que vai cobrindo a superfície em torno da chávena, ao mesmo tempo que esta se transforma num corpo de peixe com pés humanos que terminam em asas de borboleta que enviam pequenas abelhas que sobem até ao topo da chávena que se encontra cheia de chá sólido e ao mesmo tempo pegajoso, saindo da chávena um ser estranho cuja colmeia das abelhas é quebrada por uma escultura que se apresenta desfeita para dar lugar a um corpo de cavalo com cabeça de bola de cristal, onde a feição humana aparece meio desvanecida surgindo um rosto bizarro de boca aberta e olhos esbugalhados de onde saem larvas e sangue escorrido. Da mesma forma que nas figuras que pinto vou criando seres estranhos, também os cenários que as rodeiam são igualmente enigmáticos e invulgares, para que toda a composição contenha uma dinâmica criativa e absurda que permita ao observador viajar por entre mundos estranhos e ao mesmo tempo entrar na própria obra através da contemplação, tentando descodificar o segredo aparente ou a verdade existente, imposta ou vedada pelo meu “eu”, a minha essência resguardada.
EP: A arte é absolutamente útil?
JC: «Tudo é belo na medida em que pode ser considerado belo.»
Immanuel Kant
Citando esta minha frase favorita do filósofo Immanuel Kant, que a guardo comigo diariamente e surge no meu pensamento pois me ajuda a refletir e a compreender o meu quotidiano, o que se assume perante mim, o meu meio envolvente, o mundo na sua mais perfeita condição universal e epistemológica, compreende-se assim que tudo pode ser observado, palpável de forma real e concebido através da mente e da imaginação, e consequentemente considerado belo de acordo com os gostos pessoais de cada um. Deste modo, tudo o que nos envolve é considerado Arte de sua génese o criador do mundo e posterior mão humana em tudo existente, por isso a Arte é absolutamente útil. É certo que chamamos Arte ao que somos capazes de observar e apreciar numa exposição de Pintura, numa estátua que vemos na rua, em monumentos históricos, em livros que lemos, em músicas que ouvimos, em bailados que observamos, ou até nas nossas casas em azulejos ou mobílias com estilos simples ou rebuscados, pois ligamos sempre a Arte ao contemplativo e ao entretenimento que nos abraça e acaricia a nossa alma e permite que libertemos energias positivas e negativas, estados de espíritos díspares pois a Arte tem o poder de transportar a certeza e a incoerência que nos completa e nos elucida, mas também nos pode baralhar e distanciar da realidade emocional vivida e transformada em supressões do nosso ser. Deste modo, toda a Arte deve ter extrema importância e deve ser valorizada e destacada, quer seja as Artes que estamos habituados a chamar de Arte, como as Artes que não damos essa conotação mas que fazem parte do nosso quotidiano, a natureza e aquilo que é criado pelo homem, ou seja, o mundo no seu todo. Assim sendo, todas estas Artes são belas e devem ser consideradas belas de acordo com a perceção e gosto de cada um, pois somos seres livres para apreender internamente e perceber de que modo elas mexem connosco e se tornam absolutamente úteis na nossa vida.
Cito a frase de minha autoria e que prevalece no que jamais deve ser negado:
«Se a Arte vive no corpo do artista é lá que deve permanecer e ser eterna.»
Joana Completo
EP: Muito obrigado, Joana Completo.