EP: Como surgiu a ideia de criar este livro ilustrado?
RN: A ideia surgiu por ser uma apaixonada por música – a música ocupa uma parte significativa da minha vida - e pelo facto de ter uma pequena editora que facilita o processo. A descoberta de um vazio deste género de livro também contribuiu claramente.
JR: Pela audição mas também para saber mais sobre os próprios artistas e bandas.
EP: A linguagem directa e as ilustrações apelativas pretendem aguçar a curiosidade pela audição dos artistas retratados?
RN: Pretendem aguçar a curiosidade, primordialmente pela leitura do próprio livro e, claro, levá-las à audição dos temas sugeridos pelo livro (e outros, se correr bem). Para mim era essencial que o livro fosse divertido, houve um esforço adicional nesse sentido.
EP: Uma imagem vale mil palavras, mas um acorde poderá despertar o gosto pela boa música, entenda-se como pauta vibratória do corpo e da alma?
RN: Claro que sim. O efeito da música nos nossos sentidos e no nosso corpo está entranhado no nosso código genético. É algo primitivo que nos acompanha desde o dia em que nascemos até ao da nossa morte. Evitando propositadamente discutir o bom ou o mau gosto, tal como em todas as artes, na música, quanto mais conhecemos, mais exigentes nos tornamos. Um acorde ou um conjunto de acordes pode despertar o gosto pela música.
EP: A diversidade de géneros, correntes, tendências e “punkadas” retratados no vosso livro teve como objectivo alertar que toda a música “ rock” recebeu influências, bem como influencia o que hoje se produz?
RN: O livro tenta explicar isso mesmo. O Rock é um termo muito vago, encerra imensos significados. Derivam dele inúmeros géneros e subgéneros. Para um verdadeiro apaixonado por música, em geral, e rock, em particular, não teria sentido falar estritamente de rock. Poderei ter ido longe demais ao incluir a Soul, Pop, eletrónica, etc., mas trata-se de uma obra eclética à semelhança da sua autora e, como foi devidamente explicado o porquê da inclusão desses géneros, acaba por se tornar um trabalho mais completo e enriquecedor.
JR: Sim, a ideia é mostrar que o rock, como todos os outros géneros, não vem do nada e não é isolado do resto do mundo. A música desenvolve-se segundo uma miríade de fatores que vão desde géneros musicais que se cruzam, novas descobertas tecnológicas e até mesmo o contexto social / económico / político dos artistas.
EP: As professoras de educação musical utilizarão para além dos tradicionais xilofones, pautas e vozes, mais ou menos afinadas, a vossa história do rock?
RN: Isso seria um sonho! Se os professores entenderem que o livro pode ser uma mais-valia na sala de aula, melhor para os alunos, e um orgulho para nós.
EP: E nos inúmeros festivais musicais de verão, consideram que os adultos fanáticos poderão aliviar, nos intervalos dos concertos, as suas” punkadas” pela leitura atenta do vosso livro?
RN: Podem sim. E isso aconteceu mesmo, no Festival Paredes de Coura.
JR: Esperamos que sim!
EP: Crianças, adultos…E os idosos também cabem no vosso livro, sobretudo quando muitos deles são mais velhos que as primeiras bandas / cantores que surgiram após a segunda guerra mundial?
RN: Claro que sim. Embora seja um livro infantil, foi feito para ser apreciado por todas as idades e para ser partilhado entre pais e filhos e avós e netos. Os apreciadores de música, nomeadamente de Rock, não se distinguem pela idade mas sim pelo gosto musical.
JR: Toda a gente é bem vinda à descoberta deste livro. Mesmo sendo mais velhos que as primeiras bandas, muitas pessoas não ficaram indiferentes ao nascimento e progresso deste género. Além disso, para os que lhe passaram ao lado, esta pode ser uma boa oportunidade para aprenderem um pouco sobre o género e se relacionarem com a família que o viveu mais atentamente. Nunca é tarde para se descobrir o rock.
EP: Será a história do rock, o livro de cabeceira de muitas gerações? Em vez de livros de príncipes e princesas, os adultos do futuro mostrarão aos netos o vosso livro?
RN: Não é necessário ir ao futuro, quando era miúda os meus príncipes e princesas já eram músicos. A Barbie, a Madonna; o Ken, o David Bowie! Este livro é potencialmente alternativo, será sempre um produto de nicho.
JR: Esperamos que sim! Não há razão para que os príncipes e princesas não possam partilhar a prateleira com a realeza do rock.
EP: Já estão a pensar no volume II da história do rock, para aumentar o saber enciclopédico de miúdos e graúdos? Ou outros projectos estão a ser pensados?
RN: História do Rock será editada na Suécia no final do mês de Setembro. Vai ter o prefácio de Dregen, uma das maiores estrelas de Rock daquele país. Queremos levar este livro o mais longe possível. Estamos a terminar o processo de tradução e revisão para inglês. Contará com mais bandas e novas ilustrações. Depois se verá, continuarei o meu trabalho como professora e editora. A escrita logo se vê.
EP: Muito Obrigado, Rita e Joana
Créditos Fotográficos: Rita Nabais e Joana Raimundo