EP: As formas do infinitamente pequeno, por vezes, coincidem com as do infinitamente grande. Existem padrões universais? Será possível encontrar uma linguagem comum que una todas as forças e energias?
YC: Essa é pergunta para um Hawking, não para poetas...Mas eu diria a criação artística.
EP: O inconsciente é uma “lava incandescente”. É fácil para si encontrar os moldes ou as visões para representar esta nossa inquietante estranheza de ser? Existe um fluxo de (in)consciência quando trabalha enquanto criadora?
YC: Não quando trabalho, mas quando tenho algum sonho que gosto de interpretar. Trabalhar, no sentido da pergunta, já é fase diferente, de depuração da matéria criada. Um solve et coagula, dos alquimistas.
EP: Um criador livre é um criador marginalizado? Precisamos de mais pimenta e menos sal? Mais Albertos, Mais Viegas, etc? Que conformismo é este que a “manada intelectual” promove num viciado jogo de imitação e validação?
YC: É marketing, em tempos de aceleração. Mas um criador nunca é livre, é prisioneiro de si mesmo, da sua arte...
EP: As ciências sociais constroem modelos para compreender o humano. O primitivo e o ancestral nem sempre são equacionados. Acha que o homem tem medo de se confrontar com aquilo que ainda é ou aceitar o que sempre foi?
YC: Não precisa de ser medo, basta que seja ignorância. Conhece-te a ti mesmo continua a ser busca fundamental.
EP: Qual o papel da filosofia na sociedade da imagem e do "autocentramento"?
YC: A filosofia é estruturante do pensamento. Melhor, só a matemática, de que todos ou quase fogem.
EP: A música( em especial o Jazz e a arte, em geral) é o que nos dão algum consolo face à nossa condição ?
YC: Na Arte encontra-se a Eternidade que só a curta vida não permite.
EP: Muito obrigado, Professora
Y.C:Um abraço, e filosofemos, sempre!