"...O enigma foi esclarecido (pelo menos as autoridades e o povo acreditaram nisso) com a explicação fornecida pelo perito em risos daquele grande povo. Depois de examinar Baro durante vários minutos , o Perito declarou enfaticamente que se tratava de um riso burlão, cínico , e o que é mais significativo ,antipalhaço. O Grande Baro ia morrer por causa do riso que lhe provocava o impotente esforço de todo um povo pugnando por encontrar a coisa capaz de o fazer morrer de riso. Seja como for, Baro morreu estourado de riso exactamente uma semana depois de se ter declarado o seu risonho mal. De imediato, o Cardeal Palhaço declarou-o santo e a sua imagem foi entronizada com grande pompa na catedral. Mas não terminou aí, como é de supor, a história do Grande Baro. Anos depois, de forma célere, sem aviso prévio, fez a sua aparição na cidade o Grande Antibaro.De noite para o dia, todo aquele risonho povo foi despalhaçado. O próprio Cardeal, que já conhecemos, mas que agora nada tem de palhaço, mandou fazer em pedacinhos a imagem do Grande Baro. Esses fragmentos, que dia após dia vão desaparecendo, pois as crianças atiram-nos umas às outras por diversão, aguardam pacientemente que outro Grande Baro converta em palhaços toda aquela gente grave e respeitável, para ocupar de novo o altar que lhes pertence na paz da catedral..."( in o Grande Baro e Outras Histórias de Virgilio Pínera , Selecção e Versões de Rui Manuel Amaral, Colecção Pedante, 1ª Edição , com a coordenação de Duarte Pereira e Rosa Azevedo, pág 90 e 91).
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December 2022
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