Hannah Arendt e Theodor Adorno foram severos críticos dos totalitarismos. Verificamos que hoje o mundo está infestado de meias verdades, meias mentiras. Ou seja, um segmento das notícias não são completamente falsas. E aqui o isco dos regimes "alegadamente democráticos" apanha os” peixinhos” que são os usuários das app., dos media 3.0 e afins , incapazes de usar a razão crítica e anestesiados no acontecimento loop ou no epifenómeno digital . Ou seja, os divulgadores das meias notícias falsas, pegam sempre pelo lado verdadeiro. É como o copo meio cheio e meio vazio.
Os fenómenos e os factos são complexos como Edgar Morin já dissecou na sua extensa obra. Mas os cidadãos começam a adoptar este discurso das meias verdades /meias mentiras no espaço e esfera pública. O império do “ fake” tem muitos rostos e a desresponsabilização moral das massas legitima os novos ditadores. Não se trata de liberalismo, trata-se de totalitarismo maquilhado.
Sem uma imprensa livre e que nos forneça os dois lados da história, os factos em si,a tentação das meias verdades cairá sob o reino do fingimento e da indiferença em que se tornaram as relações sociais sob o manto da cibercultura e da tão desejada”lambidela de umbigo” proporcionada pelas app…
Fiquem com as sábias palavras de Hannah Arendt antes que fiquemos todos com os olhos em bico ou com fartas cabeleiras alouradas ou bigodes estilosos…
“…Lies, by their very nature, have to be changed, and a lying government has constantly to rewrite its own history. On the receiving end you get not only one lie—a lie which you could go on for the rest of your days—but you get a great number of lies, depending on how the political wind blows…”
“…The moment we no longer have a free press, anything can happen. What makes it possible for a totalitarian or any other dictatorship to rule is that people are not informed; how can you have an opinion if you are not informed? If everybody always lies to you, the consequence is not that you believe the lies, but rather that nobody believes anything any longer. This is because lies, by their very nature, have to be changed, and a lying government has constantly to rewrite its own history. On the receiving end you get not only one lie—a lie which you could go on for the rest of your days—but you get a great number of lies, depending on how the political wind blows. And a people that no longer can believe anything cannot make up its mind. It is deprived not only of its capacity to act but also of its capacity to think and to judge. And with such a people you can then do what you please…”