Tinha seis anos quando cometi o meu primeiro grande crime. Recortei uma foto de um magnífico tigre – de - bengala do livro : A Terra. Mais tarde inspirou uma série de televisão protagonizada por David Attenborough, um dos meus gurus.
A ideia do homem natural imiscuído na natureza era contrária à minha educação católica. Filho de uma catecista e admirador da celestial pax iglesia (ainda hoje contemplo as belezas das fabulosas igrejas, mosteiro e conventos europeus), desde muito cedo me interroguei: O que é o universo?O que nos tornou humanos?
O homem apareceu algures no vale do Rift, onde agora colocámos bandeiras como as da Somália, Etiópia, Tanzânia ou Quénia . A curiosidade permitiu ao homem levantar-se , olhar em frente ,colocar-se a caminho de outros continentes sem deus ou com todos os deuses que as estações permitissem ter.
A tradição cristã e parte da filosofia ocidental precisava de um deus único para sustentar o conhecimento do universo e aliviar as angústias humanas . O homem era criação de deus. A moral um salvo-conduto de preservação da espécie
Mais tarde, apareceram Nietzsche, Darwin e Bertrand Russell que colocaram o homem fora da esfera de um deus criador , como produtor de cultura e tecnologia ao serviço do progresso material.
Hoje , baseio a criação e a evolução nos pergaminhos da ciência, mas a criança que fui está sempre à espreita de novos recortes de catedrais ou de animais em vias de extinção …
Miguel Canela